No Brasil, cultura do cancelamento divide opiniões
27 de janeiro de 2022O sócio da nossa área de Mídia e Internet, Marco Antonio da Costa Sabino, concedeu entrevista ao repórter João Luiz Rosa em matéria publicada no Valor Econômico. O advogado analisou pesquisa que coordenou pelo Instituto Liberdade Digital a respeito da “cultura do cancelamento” na era digital.
Dados revelam que 33% dos entrevistados consideram essa prática correta, enquanto outros 33% desaprovam e 34% não sabem responder. Para Sabino, falta consenso talvez porque ainda não se definiu ao certo o que é cancelar.
O estudo também esclarece outros aspectos dos usuários das redes sociais em relação ao cancelamento, como a maior facilidade de cancelar celebridades ao invés de amigos ou familiares. Enquanto 61% dos entrevistados já abandonaram influenciadores digitais ou personalidades por discordar de suas ideias, apenas 37% já fizeram o mesmo com pessoas do seu ciclo social. De acordo com Marco, isto se deve ao fato de que o contato pessoal funciona como lastro para o relacionamento digital. “Quanto mais próximas as relações pessoais, maior a condescendência na internet. Daí a resistência em bloquear conhecidos. Com pessoas famosas, com as quais o relacionamento é superficial, o cancelamento requer menos esforço”, completa.
O advogado ressalta que, com as eleições em outubro, a previsão é que o número de cancelamentos aumente, pois a política é um dos assuntos em que as discordâncias mais incomodam e as chances de cancelamento são maiores. Ele ainda destaca que os brasileiros veem o cancelamento predominantemente como forma de protesto e não de censura, pois as pessoas se incomodam principalmente com o que não é verdade e tendem a cancelar mais autores de fake News, difamação e discurso de ódio.
O advogado acredita que a resposta para o problema passa pela educação e a cultura. “É preciso capacitar as pessoas para lidar com as informações. O grande teste de liberdade de expressão não é dar espaço para as ideias com as quais concordamos, mas também as de que discordamos”, finaliza.
Confira matéria na íntegra: https://glo.bo/3r0oYmI